A Marca do Demônio (2020)

A sensação que fica ao ver esse filme é igual a quando você era criança, sua mãe comprava aquela caixa de carrinhos que vinham de muamba do Paraguai. E quando você ia abrir a caixa todo feliz, no lugar dos carrinhos algum desgraçado tinha colocado um monte de pedras mais ou menos do tamanho dos carrinhos pra pesar. Você se sente puto, enganado e totalmente frustrado em suas expectativas, por mais baixas que elas fossem.

Tentaram misturar filme de exorcista com terror lovecraftiano. Não deu certo. Péssimo, péssimo, péssimo. Depois de um comecinho até promissor, onde você pensa que se trata de um filme de exorcista comum, rapidamente você percebe que aquilo era só um prólogo, que abre caminho pro restante do filme que se passa "nos dias de hoje".  Aí começa o show de bosta: É tanta coisa errada em tão pouco tempo, que você fica até tonto.

Um filme mal dirigido, roteiro que dá raiva de tão ruim, personagens pessimamente construídos (professora de línguas antigas que não se toca que o livro que levou pra casa é meio estranho, exorcista-cowboy da depressão-amaldiçoado, padre viciado em pico na veia?).  Os personagens são interpretados com um desânimo assombroso, de modo pouquíssimo convincente. Aparece um livro que chega às mãos da mãe (que de maneira muito conveniente é professora de línguas antigas em uma faculdade), onde se sugere de maneira extremamente rasa as influências Lovecraftianas na história por trás do "roteiro". Pois é. Não bastasse não conseguirem fazer um filme de exorcismo clássico, com o básico padres x tinhoso, eles tentaram "inovar" enfiando a mitologia da turminha do Cthulhu no filme.

E chega um ponto do filme em que parece que o diretor largou de mão o roteiro, e pensou, "não aguento mais dirigir esse roteiro de bosta, vamos terminar essa merda logo, põe todo mundo pra matar todo mundo e foda-se". Enquanto a "história" se desenrola, você percebe que se H.P. Lovecraft descobrisse que o triste fim de seus deuses antigos seria ocupar o corpo de humanos idiotas e ficar trocando pancadas mal dirigidas, mal filmadas e editadas de maneira sofrível por conta de tentarem fazer algo que o orçamento não permitia, certamente iria querer ressuscitar. Só pra poder se matar de novo. De raiva. Porque pegaram sem a menor cerimônia conceitos das obras dele e fizeram o que talvez seja o filme mais bosta que se viu desde quando Cthulhu ainda estava no ovo.

 Quem quiser ver algo com demônios, feito no México, e que pelo menos seja divertido, eu recomendo a série "Diablero" da Netflix mesmo. Muito mais honesta do que essa enganação de bosta.




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