A Última Coisa que Ele Queria (2020)

O filme começa com uma longa narração da personagem da Anne Hathaway. Você que assiste não tem contexto algum a respeito do que ela está dizendo, e o que ela diz é tão chato (sério) mas tão chato, que é praticamente impossível prestar atenção no que ela está falando, devido à longa extensão e do encadeamento inexistente de ideias no que ela diz.  Esse é o início que estabelece o padrão pra um filme verdadeiramente chocante. Tenho dificuldade de lembrar da última vez que vi um filme tão pretensioso, que se pretende ser muita coisa, e ao mesmo tempo não ser nada daquilo que se pretendia.

O roteiro é descuidado, pra começo de conversa. A história corre pra todos os lados, como uma galinha sem cabeça, correndo em círculos, e nunca se acalma por um momento que seja. O filme exige que você preste atenção a cada pequeno detalhe escondido nos diálogos, mas ao mesmo tempo os diálogos são tão mal escritos e desinteressantes que acompanhá-los passa a ser uma tarefa muito cansativa. De verdade. Se você não perder o interesse completamente nos primeiros 15 minutos de filme, é porque você tem a paciência de um santo ou a de um masoquista (acho que estou mais pro segundo caso). Talvez seja por causa de o filme ter me despertado uma certa curiosidade, que concorreu com a raiva por ter me obrigado a assistir uma obra que tinha tudo pra ser melhor, mas que falhou miseravelmente.

Ao perceber que o filme foi baseado em um livro. Procurei saber a respeito, e vi muitas críticas ao próprio livro por parte dos que o leram. O que já seria um indicativo negativo bem forte para se escolher uma obra na qual basear um filme. O que fez um livro considerado ruim merecer ser transformado em filme, enquanto diversos bons livros não o são? Quem leu essa história bagunçada e desconexa e pensou que seria uma boa idéia para um grande filme? Como eles conseguiram que um elenco com vários astros de renome embarcasse nesse barco de bosta?

A protagonista é o melhor exemplo disso. À parte a performance (correta) de Anne Hathaway, pois por mais que se conheça os problemas de sua personagem, você não consegue se conectar com ela. Isso porque durante todo o filme ela não faz questão nenhuma de disfarçar que é uma pessoa bem escrota, monotemática, desagradavelmente obsessiva e em vários aspectos da vida, hipócrita e desagradável. O filme tem boas locações, bons valores de produção, atores consagrados que até fazem suas partes com competência, conta com uma fotografia e uma parte técnica bem razoáveis, mas tudo isso sucumbe diante do tsunami de bosta que é um roteiro nojento, asqueroso, baseado em uma história sinceramente ruim, e amparado em personagens sem carisma algum, com os quais você não consegue se identificar ou torcer por eles nem quando suas tragédias pessoais são expostas.

É o tipo de filme que eu considero ainda mais bosta, porque ao invés de ser uma bosta desde sempre, tinha potencial para ser bom, mas deu as costas para a qualidade e escolheu o caminho da bosta... e isso é imperdoável.

Comentários

Postagens mais visitadas