The Alpha Test (2020)

Mais um daqueles filmes de baixíssimo orçamento, que tinha até uma boa premissa que NÃO foi estragada pela grana curta, mas sim por outros motivos. Podia ter rendido um filminho pobre porém honesto, mas acabou saindo um filmeco bem meia-boca mesmo. Uma espécie de filho bastardo (e retardado) de uma transa profana entre O Brinquedo Assassino, Sexta-Feira 13, Ex Machina e O Homem Bicentenário.

Pra começo de conversa, já que se trata de um "filme de robô", o roteiro não deveria ter cometido o sacrilégio de cagar solenemente pras leis da robótica de Isaac Asimov. A grande sacada da criação dessas leis foi justamente estabelecer uma coluna dorsal narrativa pra histórias envolvendo robôs não virarem uma merda foda. Evitar que as histórias caíssem facilmente em uma narrativa desestruturada, exatamente como ocorre nesse filme. É claro que um bom roteirista consegue brincar com isso e extrapolar os limites da relação robôs x humanos, como já foi feito desde um Blade Runner até um até um Ex-Machina, passando pela trilogia Matrix. Só que o diretor (e também roteirista e também câmera) Aaron Mirtes não se mostrou nem de longe hábil o bastante pra fazer essa brincadeira.

É justo no roteiro (dando aí um desconto forte pro fato do filme ser baratíssimo e os atores fracos e pessimamente dirigidos, claro) que fica a pior parte: toda a questão moral e ética sobre a qual o filme baseia o "corrompimento" da robô Alpha não se sustenta. Não faria sentido um robô tratado como mero "eletrodoméstico" ser lançado por uma empresa e chegar ao mercado com um potencial destrutivo tão grande. Também não faria sentido algum um robô com a capacidade de compartilhar seu aprendizado com seus semelhantes na nuvem ter "carta branca" pra praticar os atos mais violentos e macabros sem absolutamente nenhuma trava de segurança colocada pelo próprio fabricante. E ainda, jamais um fabricante capaz de criar um robô tão avançado capaz de simular várias atividades corriqueiras humanas com perfeição seria ao mesmo tempo tão imprevidente a ponto de não prever as possíveis (e tão primárias) falhas de segurança num projeto deste tamanho. Infelizmente, nesse erro crasso de roteiro, se baseia praticamente toda a estrutura da história.

E pra finalizar, um toque absolutamente imbecil: a propaganda enganosa do cartaz do filme, que mostra um robô com uma aparência tecnológica, o que faria muito mais sentido do que o que vemos no filme: uma atriz vestida numa roupa comum, onde apenas a cabeça é claramente "robótica". E pra fechar tudo com chave de bosta, a máscara que criaram para o robô, diferente do que aparece no cartaz, é de um mau gosto tão grande, tão feia e malfeita, que até o Jason de Sexta-Feira 13 iria achar o maior baixo astral andar por aí com uma máscara dessas. Sendo que se você tem coragem de assistir essa porcaria até o fim, é obrigado a passar o filme inteiro olhando pra essa desgraça de máscara de bosta. Por fim, fuja desse filme, porque é daquelas bostas que gruda no sapato e quanto mais você tenta limpar, mais fede.

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