Mente Criminosa (2016)


Esse é um daqueles filmes que você vai pelo elenco cheio de atores familiares, conhecidos por bons filmes (em várias épocas diferentes, tanto veteranos quanto atuais), e lá pelo meio do caminho se pega com aquela cara de "WTF???"

"Criminal" é daqueles filmes em que você vê vários atores que poderiam ter entregado um desempenho bem melhor, atuando claramente no automático pra pagar o aluguel. E o pior de tudo é aquela sensação de que os caras tinham matéria prima pra fazer coisa bem melhor mas tudo que saiu foi um thriller de espionagem requentado pra década de 2010 com fortes influências do clássico A Outra Face(1997).

Infelizmente, diferente do filme de 97, que se hoje pode parecer muito datado, ao menos na época em que foi lançado funcionou, porque tinha o estilo certo, era dirigido por um John Woo recém chegado e  querendo mostrar serviço ao mercado hollywoodiano e não se levava tão a sério assim. Partindo dessa vibe, destaquei alguns fatos dentre os que mais contribuíram pra baixar a nota deste filme que poderia ser tão melhor explorado pro subsolo da qualidade, mesmo falando em filmes de um estilo onde ser enlatado ou previsível nem sempre é o pior defeito:

• O personagem do "sociopata que vai ser usado para um fim nobre e terá alguma redenção" de Kevin Costner é tão manjado que deixou pouquíssimo espaço para o ator manobrar qualquer coisa. O roteiro até tenta te convencer de que "o cara que não tinha sentimentos e agora começa a ter" é uma linha de narrativa emocionalmente viável, mas as consecutivas trapalhadas na trama, as inverossimilhanças em série e o caráter indestrutível do personagem fazem com que o espectador se irrite a tal ponto que até nas cenas planejadas para serem sentimentais essa irritação se mantenha, fazendo com que o seu efeito seja muito menor que o esperado.

• Tommy Lee Jones, dando pena de ver o quão ruim é o papel que escreveram pra ele. Tudo bem que a operação que fizeram no psicopata era às pressas, mas custava a equipe do Dr. Franks colocar um curativo na sutura? O paciente, dias depois do procedimento não tinha necessidade de andar por aí com aquela ferida na nuca sangrando e sujando o travesseiro da casa onde ele dormiu! Sem falar na assepsia.

• Gary Oldman fazendo um papel tão mal escrito e pusilânime que quase conseguiu fazer com que eu sentisse raiva dele. Triste ver um ator tão bom preso em um personagem tão ruim e mal escrito. Jamais... repito: JAMAIS num mundo sequer semelhante ao real (ou que ao menos ambicione por um mínimo de coerência) um líder de uma divisão de espionagem internacional teria chegado longe na carreira com a incompetência tática, o desconhecimento técnico, a falta de capacidade de relacionamento interpessoal, e a desastrosa liderança de equipe que esse personagem demonstrou por todo o filme.

• Conseguiram ENFEIAR a deliciosa Antje Traue, e o que é mais incrível, mesmo ela fazendo o que nasceu pra fazer: papel de fodona má, justamente por escreverem cenas péssimas onde ela não pôde seu talento para a fuderosidade maligna explorado. E botaram a bonitinha Alice Eve pra fazer papel de uma agente bonitinha que não faz porra nenhuma por 95% do tempo que passa no filme, depois dá dois tiros, leva um e morre!
• Gal Gadot, coitada... até fez bem sua parte mas merecia um roteiro com cenas mais bem escritas.

Enfim, esse filme não merecia sequer que eu escrevesse isso tudo, mas eu só escrevi pra descarregar a raiva mesmo. É uma necessidade terapêutica.

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